Atualização em temas importantes em tribologia: uma oportunidade em 2010

01/03/2010
Na discussão com diversas empresas montadoras de automóveis e alguns de seus fornecedores, verificamos que o entendimento da tribologia de motores a álcool precisa ser atualizado no Brasil. Esta atualização é essencial para superar os desafios tribológicos que os motores flex fuel tem que enfrentar.
O principal problema aparente é a corrosão. Este foi detectado no fim do século XIX e, no Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Um dos pesquisadores que se destacou neste tema foi o Engenheiros Sabino de Oliveira, nos anos 30 professor da atual Escola Politécnica da USP.
Outros temas não são tão evidentes e não temos trajetória de pesquisa nos mesmos.
No congresso TRIBO BR (24 a 26 de novembro de 2010 no Rio Othon Palace no Rio de Janeiro) serão realizadas palestras sobre os seguintes temas nos quais temos muito a avançar aqui no Brasil:
  • O Dr. Ali Erdemir do Argonne National Laboratory,  Argonne, USA e o Prof. Steffan Jacobson, da Uppsala University, Sweden apresentarão os avanços de suas pesquisas recente sobre filmes resistentes ao desgaste bem como modelos para explicar seu desempenho.
  • O Prof. Hugh Spikes, Imperial College, UK desenvolve há muitos anos estudos sobre lubrificação e em especial sobre condições de lubrificação sob altas pressões locais. O Prof. Spikes tem feito grandes progressos nas técnicas de observação in situ das regiões lubrificadas empregando interferometria, documentando o comportamento dos lubrificantes através de discos transparentes de safira.
  • O Prof. Jean Michel Martin de l´Ecole Centrale de Lyon, France trará para a platéia brasileira os mais recentes avanços no entendimento do papel dos resíduos de desgaste nos valores do coeficiente de atrito e da intensidade do desgaste.
  • Da University of Karlsruhe, Germany o Prof. Karl-Heinz zum Gahr fará uma palestra de atualização sobre tribologia de cerâmicas, materiais cada vez mais importantes na indústria automotiva.
  • Por fim, o Prof. Kenneth Holmberg, do VTT, Finland deverá discutir como andam os modelos preditivos de desgaste. Afinal, para que servem nossos experimentos e modelos teóricos senão para entender como as coisas funcionam e poder prever seu desempenho na vida real?
Por isto a participação no TRIBO BR  é um passo importante na atualização dos tribologistas brasileiros em temas essencias para a tribologia de componentes automotivos.
Amilton Sinatora
Informações sobre o evento

Envio de trabalhos
Revistas que publicarão os artigos
  • Lubrication Science ( incorporating  Journal of Syntetic lubrication and TriboTest)
  • International Journal of Surface Science and Engineering


Motores flex-fuel, regulagem de motores e emissões

08/12/2009
No âmbito da discussão sobre os motores flex-fuel surgem outros temas bastante importantes. Um deles é o da baixíssima taxa de reciclagem dos automóveis no Brasil, cerca de 1%, e outro é que o impacto positivo dos motores flex é sentido apenas marginalmente uma vez que se dá pelo crescimento da frota e não pela conversão dos motores dos automóveis antigos.
De fato, apenas carros novos vão para o mercado com motores flex. Embora em 2007 e 2008 o crescimento da frota brasileira tenha sido de 6,1 e 6,7% respectivamente, números expressivos ante os 2,8 e 2,6% do biênio 2002 – 2003, a frota brasileira tem idade média elevada.  Carros com idades de 11 a 20 anos são 35% da frota e, certamente,  além de não serem flex, devem poluir mais.
A articulista Marli Olmos publicou no jornal Valor Econômico de 27 de novembro que a manutenção da frota pode resultar em 5% de redução do consumo de combustíveis e em 30% de redução nas emissões!
São números espetaculares que dependem apenas da manutenção dos veículos. Para isto a reportagem indica a obrigatoriedade e a regulamentação da inspeção veicular, pois, além de redução de emissões, espera-se a redução de mortes no trânsito.
O lado sombrio dessas considerações é que a consciência ambiental não se manisfestará sem a imposição de uma lei. Falar de meio ambiente limpo é mais fácil do que praticar meio ambiente limpo arcando com os custos. Por outro lado, é bom lembrar que a porção mais antiga da frota pertence à população de menor renda, para quem os carros velhos substituem os ônibus  lotados.
Não há consciência ambiental capaz de competir com necessidades básicas imediatas!
Amilton Sinatora

Os motores flex e o livro de Bowdem e Tabor. Procuram-se candidatos para a pesquisa!

26/11/2009
Não sei o que está acontecendo com os motores flex. Entretanto, um dos candidatos a responsável pelos problemas de durabilidade, é a alteração do efeito lubrificante do…lubrificante.
Num livro muito instrutivo e agradável de ler, publicado em re-edição em 1966, The Friction and Lubrication of Solids (Oxford Classics Texts in the Physical Sciences), F. P. Bowdem e D. Tabor descrevem com detalhes de quem trabalhou muito no assunto a interação entre lubrificantes e os metais.
Eles ensinam que é importante separar o efeito do lubrificante do efeito do óleo base. Em linguagem de hoje, o efeito dos aditivos e do óleo lubrificante. O óleo base, fornecido pelas empresas de prospecção de petróleo, tem efeito importante na lubrificação hidrodinâmica e não tem efeito significativo na lubrificação limítrofe. Nesta, importante no início do funcionamento dos componentes lubrificados, o que interessa mesmo são os aditivos.
Muitos aditivos são ácidos orgânicos ou seus derivados. Aqueles pesquisadores mostraram que o efeito lubrificante é mais intenso (menor coeficiente de atrito) e mais duradouro (manutenção daquele coeficiente por mais tempo ou até temperaturas mais elevadas) quanto maior a cadeia carbônica, mais forte a ligação química entre a cadeia e o aço e maior a concentração da especie química do aditivo – boas pistas para os que têm que resolver os problemas dos motores flex.
Tudo isso é história e pode ser encontrado nos livros e cursos (esta apresentação trata do assunto)  Verificar se estas conclusões são válidas para os materiais empregados nos motores modernos, com os lubrificantes atuais é tarefa para o qual precisamos de investimentos e jovens talentosos. Candidados podem contatar o autor deste blogue ou o Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies!!
Amilton Sinatora