No âmbito da discussão sobre os motores flex-fuel surgem outros temas bastante importantes. Um deles é o da baixíssima taxa de reciclagem dos automóveis no Brasil, cerca de 1%, e outro é que o impacto positivo dos motores flex é sentido apenas marginalmente uma vez que se dá pelo crescimento da frota e não pela conversão dos motores dos automóveis antigos.
De fato, apenas carros novos vão para o mercado com motores flex. Embora em 2007 e 2008 o crescimento da frota brasileira tenha sido de 6,1 e 6,7% respectivamente, números expressivos ante os 2,8 e 2,6% do biênio 2002 – 2003, a frota brasileira tem idade média elevada. Carros com idades de 11 a 20 anos são 35% da frota e, certamente, além de não serem flex, devem poluir mais.
A articulista Marli Olmos publicou no jornal Valor Econômico de 27 de novembro que a manutenção da frota pode resultar em 5% de redução do consumo de combustíveis e em 30% de redução nas emissões!
São números espetaculares que dependem apenas da manutenção dos veículos. Para isto a reportagem indica a obrigatoriedade e a regulamentação da inspeção veicular, pois, além de redução de emissões, espera-se a redução de mortes no trânsito.
O lado sombrio dessas considerações é que a consciência ambiental não se manisfestará sem a imposição de uma lei. Falar de meio ambiente limpo é mais fácil do que praticar meio ambiente limpo arcando com os custos. Por outro lado, é bom lembrar que a porção mais antiga da frota pertence à população de menor renda, para quem os carros velhos substituem os ônibus lotados.
Não há consciência ambiental capaz de competir com necessidades básicas imediatas!
Amilton Sinatora